Hermenêutica Filosófica

Hermenêutica filosófica de forma simples e de fácil entendimento para leigos que gostariam de iniciar no mundo da interpretação, falo interpretação, justamente para ser intelectivo.

A hermenêutica filosófica é uma forma sistemática de interação entre o interprete e o objeto interpretado, que vai levando o sujeito a interagir com o objeto, aplicando não um método fechado de avaliação da realidade do ser observado, mas um sistema de abertura e de criação de possibilidades através da mediação entre os horizontes históricos com seus respectivos pré-conceitos, desemborcando no diálogo, com a técnica de perguntas e resposta para se dá o processo dialético do conhecimento, realizando uma viagem do todo para a parte e da parte para todo, interagindo com o meio social em que está inserido o interprete e o objeto contextualizado, desenvolvendo a interpretação chagando ao nível da compreensão, que se dá com o caso concreto, de forma geral e irrestrita, pois compreensão de forma limitada é apenas entendimento, conhecimento, pois ninguém compreende sem aplicar aquilo que tenta interpretar.

O processo hermenêutico se dá com o passar do tempo e não de forma instantânea, pois deve haver uma troca ininterrupta de informação entre as partes, respeitando o horizonte histórico individualizado de cada um e ao mesmo tempo misturando-os.

Dentro desta perspectiva chamo a todos para enxergar e entender a hermenêutica filosófica como algo inerente a vida do ser humano, que é um ser hermenêutico, onde grande parte da sociedade se afasta da sublime atividade humana que é a harmonia vivencial de uns com os outros ao longo do processo histórico, que só é possível graças a lingüística que proporciona a comunicação. Comunicação esta que depende da interpretação para harmonizar a convivência social dos seres, que devido a modernidade e a uma forma de vida que gera necessidades novas a toda hora, para prender mentes e corações ao circulo do consumismo desenfreado, afasta as pessoas de suas mais primitivas características enquanto seres humanos, para robotizarem-se e terem medo de raciocinar hermeneuticamente sendo conduzidos por propagandas e teles jornais que bombardeiam nossas casas com notícias truncadas e nos leva a raciocinar de acordo com o entendimento de uma redação mal redigida de megas complexos de mídias, tanto televisiva como escrita, impedindo ou reduzindo a possibilidade de acesso a leitura sintética dos acontecimentos do dia a dia, reservando a um grupo elitizado a capacidade de compreensão do mundo real e tornando reféns aqueles que não desenvolveram sua capacidade hermenêutica enquanto seres humanos.

Digo que na antiguidade já se praticava uma hermenêutica, sem esta denominação, que é uma denominação relativamente moderna, mas muitas das técnicas já eram conhecidas dos antigos filósofos gregos, e que ao meu modo de ver o filosofo grego que sacou o processo do circulo hermenêutico com muita fidelidade em relação ao que se conhece hoje foi Heráclito de Efésio.

Com sua filosofia se opôs a filosofia objetivista de seus antecessores e contemporâneos, o principal opositor de Heráclito era Parmênides que dizia, “sobre uma coisa só podemos dizer que ela é ou não”. Para Heráclito nada poderia ser estático tudo era movimento, “tudo é e não é ao mesmo tempo” temos que concordar que este tipo de filosofar foi revolucionário em sua época, Hegel um dos maiores filósofos modernos chega declarar que somente um pensador muito ousado poderia afirmar pela primeira vez a notável sentença.

Ninguém toma banho duas vezes no mesmo rio, porque a água do rio segue “flui” com a correnteza e o rio já não é mais o mesmo, e o ser que sentiu a força da correnteza, a temperatura da água, também já não é mais o mesmo, ele influenciou de alguma forma o rio e foi certamente influenciado por ele.

Segundo Heráclito “juízo” nos leva a uma interpretação superficial da natureza ontológica das coisas ao passo que o “logos” nos revela a essência, como relata o autor o “circulo simplesmente” nos leva ao juízo e a espiral nos conecta ao logos.